Clipping - Após polêmica com banda, prefeitura cria grupo para regulamentar uso de equipamentos de som na Avenida Paulista

13/02/25

Fonte: https://oglobo.globo.com/brasil/sao-paulo/noticia/2025/02/13/apos-polemica-com-banda-prefeitura-cria-grupo-para-regulamentar-uso-de-equipamentos-de-som-na-avenida-paulista.ghtml

 

Iniciativa que reúne artistas, associação do bairro e administração municipal terá encontros até o início de março

A prefeitura de São Paulo formou um grupo de trabalho para organizar as apresentações artísticas realizadas na Avenida Paulista durante o programa Ruas Abertas, aos domingos. O colegiado é uma resposta da gestão municipal ao imbróglio criado por fiscalizações que interromperam performances realizadas na via no inicio do mês.    

Formado por músicos e representantes da Associação Paulista Viva, o grupo vai regulamentar o uso de equipamentos de som na via. O primeiro encontro foi realizado na segunda-feira (10), na Subprefeitura da Sé, e as reuniões devem seguir até o início de março.

 

Chico Rigo, guitarrista da banda Picanha de Chernobill, cujo vídeo viralizou após o caso de domingo passado (02) — quando foram obrigados a interromper suas apresentações sob risco de apreensão dos instrumentos —, conta que a primeira reunião do grupo de trabalho foi promissora e com “pontos pertinentes”.

 

— Eu vejo com bons olhos. Pelo menos a prefeitura está querendo sentar e conversar, não é mais uma medida arbitrária. A gente tem voz também — diz o músico.

 

Dentre as propostas debatidas na primeira reunião, o grupo tratou da atualização da cartilha “Arte na Rua”, de 2014, da gestão de Fernando Haddad (PT), que define as atividades dos artistas de rua e demais critérios para as apresentações.

 

Celso Reeks, artista e ativista cultural que atua no grupo, explica que a cartilha já define as regras, principalmente para os músicos e dançarinos, mas que é preciso distinguir e esclarecer alguns pontos:

 

— Vamos trabalhar com a redação que já existe na cartilha, mas conversamos sobre a inclusão de alguns capítulos para, por exemplo, orientar os agentes de fiscalização. É preciso que eles tenham um passo a passo de como fazer a abordagem, e de que devem usar uma comunicação não violenta — diz o ativista.

 

O grupo ainda pretende definir com maior clareza o que é arte de rua, se amplificadores podem ser utilizados e qual o melhor volume para os equipamentos, além de retomar em quais locais as apresentações podem ou não ser realizadas.

 

— Nós sempre tocamos na frente de prédios comerciais, mas tem gente que toca na frente de prédios residenciais, usa muito equipamento de som e outras coisas que não condizem com a arte de rua — diz Rigo. — As leis existem, mas o bom senso também.

 

Lívio Giosa, presidente da Associação Paulista Viva, organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos que representa comerciantes, moradores e institutos culturais da famosa avenida, afirma que o bairro é a favor das apresentações dos artistas de rua, mas que é preciso reforçar a regulamentação.

 

— Eles (artistas) são o ponto central de um programa como o Ruas Abertas. O que a gente pede é que eles tentem se localizar em regiões ‘frias’ da Paulista. Ou seja, que não tenham um instituto cultural, centro comercial, saída de metrô, hospital ou residência. São vários pontos factíveis na avenida — diz Giosa.

 

O representante explica que, para o próximo encontro, foi acordado que os integrantes dos diferentes grupos devem levar suas posições, para que possam “avançar em relação ao que foi previamente discutido”.

 

Procurada pelo GLOBO, a gestão municipal preferiu se pronunciar apenas após a segunda reunião, que será realizada na próxima segunda (17), quando “terão uma posição do que foi apresentado”. Segundo a prefeitura, ainda “não há nenhuma proposta” e, por isso, “não tem o que acrescentar” neste momento.

 

(*estagiária sob orientação de Pedro Carvalho)

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