Fechamento da Paulista para os carros é debatido em audiência pública
Audiência foi realizada pela Frente Parlamentar pela Sustentabilidade, na Câmara
Foto: André Bueno / CMSP
DA REDAÇÃO
Desde outubro a avenida Paulista vem sendo fechada das 10h às 17h para os automóveis. Quase um mês depois, o assunto ainda divide a opinião dos paulistanos. Nesta quinta-feira (12/11), a Frente Parlamentar pela Sustentabilidade realizou uma audiência pública para discutir o assunto. Estiveram presentes comerciantes, moradores e especialistas.
Rafaela Galleti é moradora do edifício Nações Unidas, localizado na esquina da Paulista com a avenida Brigadeiro Luís Antonio, e está profundamente insatisfeita com a decisão da prefeitura, que para ela é arbitrária, já que a população mais afetada pela mudança não foi ouvida. “Às 9h passa uma sirene avisando que a avenida vai ser fechada. O mesmo acontece no fim da tarde. Temos dificuldade para entrar nas nossas casas de carro, dificuldade para receber visitas. Você só pode sair a pé ou de bicicleta. A CET está dizendo que deixa os moradores entrarem, mas já ouvi reclamação de que não é isso o que está acontecendo”.
Vilma Peramezza, síndica do Conjunto Nacional, edifício de uso comercial e residencial no final da avenida, é mais enfática. Para ela, a ação do prefeito Fernando Haddad (PT) é marketing, pois a alteração não foi discutida devidamente por quem é contra e por quem é a favor do fechamento para os automóveis. “O que é triste é uma visão antagônica. Ou fecha tudo ou abre tudo. Se temos uma avenida com ciclovia, ciclo faixas, calçadas generosas e um corredor cultural, as pessoas têm que ter o direito de ir e vir. Nós temos moradores ali, shopping centers, hotéis, uma economia que vive do movimento, gera muitos empregos.”
Segundo Vilma, o movimento da via caiu aos domingos e o fechamento dela refletiu negativamente no trânsito das ruas paralelas e transversais, dificultando, por exemplo, o acesso a hospitais. Rafaela completa dizendo que as ruas no entorno da Paulista estão cheias de “flanelinhas”.
De acordo com Guilherme Coelho, coordenador do Minha Sampa, organização que cria campanhas dentro e fora da internet para saber a opinião da população sobre as decisões da cidade, a população teve mais de um espaço para ser ouvida e a maior parte dela se posicionou a favor do fechamento para os automóveis.
“Isso representa um retorno aos verdadeiros donos da Paulista, que são os pedestres. As vias públicas, historicamente, são feitas para as pessoas. Não somos contra os carros, mas o que acontece aqui é que os cidadãos escolheram o fechamento da Paulista para atividades de lazer. Essa política de fechar as avenidas para os carros e abrir para o lazer é uma política moderna e que vem sendo feita em diversas cidades do mundo há bastante tempo.”
Para Vitor Leal, representante do Greenpeace, essa medida da prefeitura está alinhada com a Política Nacional de Mobilidade Urbana, cujo objetivo é readequar as prioridades das cidades. “A abertura da Paulista é algo muito interessante para as pessoas vivenciarem uma cidade sem carro. Fora que é mais uma opção de lazer, já que nossos parques aos domingos ficam lotados”, ressaltou.
Tenente Coronel da Polícia Militar, André Luiz Oliveira afirmou que a instituição não foi avisada previamente sobre a mudança. “Como não tivemos um aviso antecipado de que esse fechamento da Paulista aos carros ia acontecer, nós tivemos que deslocar policiamento de outros locais para poder dar maior segurança para as pessoas que frequentam a avenida.”
Além da avenida Paulista, outras vias de outras subprefeituras estão contempladas no programa Ruas Abertas, do Executivo, e também têm sido fechadas aos domingos. A escolha desses locais foi feita por meio de audiências públicas.
Proponente da audiência, o vereador Natalini (PV) se comprometeu a enviar a ata para o prefeito e a pedir uma nova audiência, com a participação do Executivo, para debater o assunto.